As cores e o Movimento de Matisse

'Matisse e o Jazz' feito por mim em aguarela

Amarelos fortes. Vermelhos. Azuis e verdes estonteantes. E movimento, muito movimento. É assim que vejo as obras de Henri Matisse.

Matisse

A alegria e boa vibração que me transmitem os seus quadros e as suas colagens contrastam com a sua saúde débil. Quem sabe até se não foi uma espécie de catarse de que o levou a criar um mundo tão colorido.

Henri Matisse

Matisse nasceu em França em 1869, numa família de comerciantes, e só por volta dos 21 anos é que começou a experimentar pintar, com uma caixa de tintas que a mãe lhe ofereceu para o ajudar a passar o tempo enquanto recuperava de uma apendicite, o que demorou quase um ano.

Por estranho que possa parecer, Matisse foi advogado mas também estudou estampagem de têxteis, e mais tarde estudou na Escola de Belas Artes em Paris.

A vida financeira não foi fácil, tal como para a maioria dos artistas. A sua mulher tinha um negócio de chapéus de senhora, e ele vendia os seus quadros, mas começou a ter de aceitar encomendas de grande porte para complementar o seu rendimento – eram trabalhos duros, de grandes dimensões e ornamentos de molduras que executou para a Exposição Universal de 1900 emParis.

'O Quarto Vermelho' de Matisse

Uma das coisas que mais adoro nas obras de Matisse, as cores vibrantes, são exactamente a razão pela qual foi considerado por um crítico de arte como ‘fera’ no Salão de Outono em 1905 – ‘fauve’ em francês o que levou à nomenclatura de um novo movimento chamado de ‘Fauvismo’.

'A Dança' de Matisse

E é fácil tentarmos adivinhar que os azuis fortes e os tons terra que usou, deveriam ter sido influência das temporadas que passou em Marrocos.

Eu tive a sorte de poder ver ao vivo 'A Dança’ no Ermitage, em Sampetersburgo na Rússia, e fiquei maravilhada. As dimensões das telas eram enormes e apetecia mesmo entrar na ‘roda’ daqueles dançarinos e aprender com eles.

'O mundo colorido de Matisse' aguarela feita por mim

Como artista, Matisse era bastante versátil tendo pintado quadros, murais, ilustrações, colagens, projectos para tapeçarias e vitrais e outros pormenores para a Capela do Rosário de Vence, França.

'Ícaro' da série Jazz de Matisse

Adoro as colagens que o Matisse fez para a série de trabalhos intitulada ‘Jazz’. Não fazia ideia, mas ele começou a trabalhar nela aos 74 anos e trabalhou nela cerca de dois anos. Talvez pelo facto de estas colagens estarem muito relacionadas com o tema do circo, eu acabo por as associar à obra ‘The Clown’ (O Palhaço) de Charles Mingus, que foi lançada em 1957, e é uma das minhas obras de jazz preferidas.

Matisse a fazer uma das suas colagens

Em 1941, Matisse foi operado como consequência de um câncro abdominal de que sofria, e passou a ter de estar muito tempo de cama ou sentado. Mas isto não o demoveu de perseguir com a sua arte. Como lhe era mais difícil pintar começou a trabalhar com colagens. Os seus assistentes pintavam a guache várias folhas de várias cores, que ele depois cortava com as formas de animais – pássaros e peixes, por exemplo – e motivos marinhos, como as algas.

Uma das suas colagens

Matisse ía experimentando qual seria a melhor composição final, prendendo as colagens com pioneses à parede.

Matisse no meio das suas obras

Ele morreu de ataque de coração aos 84 anos em Novembro de 1954, mas antes disso parecia que vivia dentro das suas obras, visto elas estarem espalhadas pelas suas paredes.

Na minha perspectiva, as obras de Matisse são muito interessantes para trabalhar com as crianças, devido às várias formas e às suas cores fortes. Uma das actividades que acho interessante seria colar uma impressão de uma das suas criações a um pedaço de cartão, e depois recortá-la em peças de formatos diferentes para depois construírem um puzzle. 

Outra coisa interessante seria criar uma composição alternativa para as suas colagens, ou contar uma história para um dos seus quadros.

Eu acabei por pedir à minha filha Clara de 6 anos que inventasse uma história para um dos quadros do Van Gogh, e ela adorou. Ao olhar para o quadro com a planície e os corvos, a Clara imaginou que vinha uma tempestade muito forte e que eles estavam todos a fugir, menos um, o mais sábio que era o rei dos pássaros.

Se chegarem a fazer algo com as obras do Matisse, digam-me, eu adorava saber.

Se tiverem interesse e quiserem saber um pouco mais sobre o Matisse, espreitem este pequeno vídeo da CBS sobre as suas colagens, ou este que mostra imagens reais do pintor francês a trabalhar.

Melhor ainda seria visitarem o MoMA em Nova Iorque, Estados Unidos, o Louvre em Paris, França, ou o Ermitage em Sampetersburgo, Rússia, e verem algumas das suas criações ao vivo.

No meu caso o Ermitage já está, só me faltam os outros dois….

Sejam felizes e sorriam sempre,

Sara