'California Dreamin' com Lori Graham


A Lori a usar um dos seus últimos trabalhos
Quando era criança, a minha avó tricotava sempre uma nova camisola de lã para mim e para o meu irmão, e eu adorava-as. Primeiro que tudo porque eram únicas, cheias de amor mas também porque tinham sempre uns desenhos bordados e eu imaginava a história que estaria por trás.

A minha preferida era azul escura com montanhas, estrelas, casinhas e árvores que me lembravam o Inverno e a contagem decrescente para o Natal.

Nos dias de hoje, com tantas lojas de roupa com preços baratos e o facto das boas linhas serem um pouco caras, não há muitas pessoas que ainda tricotam peças de roupa.

Sempre me intrigou a dificuldade em tricotar e bordar os pequenos desenhos numa camisola, e foi assim que encontrei a conta da Lori Graham no Instagram.

A Lori tem 60 anos e vive na Califórnia, nos Estados Unidos, e tem fotos incríveis por toda a sua conta, @loritimesfive .

Todas as fotografias transmitem um ambiente orgânico que é dado através da madeira, pedrinhas, paisagens naturais e o tipo de linhas que usa.

A Lori faz obras de arte incríveis sempre que tricota e ela vai ainda mais longe na sua paixão pelo tricot, ela viaja pelo mundo em busca de linhas originais de cada país e também tenta estar em contacto com a cultura do sítio onde está.

Ela é muito, muito querida e aceitou falar-nos um pouco mais sobre si e o seu trabalho…

Qual é a origem do nome ‘loritimesfive’?
Lori Graham (LG): O nome tem origem nos meus cinco filhos (já crescidos). Comecei há muitos anos atrás, com um endereço de email, lorix5, e depois foi o nome do meu blogue, depois o Raverly – uma comunidade online para quem gosta de tricot – e agora o Instagram! Os meus filhos estão sempre comigo, pelo menos no meu coração e no nome!

Por quê que começou a tricotar?
LG: Acho que queria fazer o que a minha avó fazia. Ela costumava tricotar, coser, fazer bolos e jardinar…todas as coisas que eu adoro fazer.

Que artistas a inspiram?
LG: Muitos! A Elizabeth Zimmerman foi sempre uma inspiração no tricot, e na fotografia e nos diários gráficos, o Peter Beard .

Aprendeu a tricotar sozinha? Se não, quem a ensinou?
LG: Foi a mesma avó que falei acima, a avó Rose. Ela ensinou-me a tricotar e a bordar. Quando estava à espera do meu primeiro filho, aos 22 anos, inscrevi-me numas aulas para adultos à noite para aprender mais técnicas, bem como construção de roupas e acabamentos. Tive muita sorte e um óptimo professor!

O que é que a atraiu mais para esta forma de arte?
LG: Adoro qualquer coisa que seja feita à mão.

De onde vem a sua inspiração?
LG: Adoro ler e viajar e tirar fotografias, então se calhar vem duma combinação de todas estas coisas. E sempre a natureza e os meus filhos!

A casa da Lori onde ela trabalha

Usa algum tipo específico de linhas?
LG: Oh, eu adoro fibras naturais, linhas, ferramentas (madeira). Neste momento adoro lã da Islândia e das ilhas Shetland, cores claras e lãs que são óptimas para trabalhar e vestir.

Vende os seus trabalhos?
LG: Ocasionalmente.

Faz muitas viagens relacionadas de algum modo com o tricot?
LG: Adoro que isso se esteja a tornar numa ‘tendência’! Ainda só fiz algumas viagens relacionadas especificamente com o tricot, maioritariamente viajo e depois o tricotar está sempre incluído.

Faz os seus próprios designs ou tira-os de alguma revista/livro?
LG: Hoje em dia, uso quase sempre um molde. Há tantos designers hoje tão talentosos. Quando os meus filhos eram pequenos, eu fazia a maioria das suas roupas (tricotava e cosia) mas era mais por necessidade porque na altura não havia muito por onde escolher. Tenho muita dificuldade em anotar as coisas por isso é difícil repetir a mesma coisa duas vezes!

Quando tricota uma camisola , todos os pequenos ‘desenhos’ nela são bordados depois de acabada ou são feitos aos mesmo tempo que é tricotada?
LG: Quase sempre tricot enquanto a faço. Às vezes um design mais complicado – com mais do que duas cores por fila – acabam por ter um ponto duplicado.

A Lori numa das suas viagens perto da fronteira com o México

Também pinta aguarelas?
LG: Sim, não o faço muito bem mas adoro a experiência. Só costumo pintar durante as viagens, quando tenho o meu diário gráfico e um pouco mais de tempo. Tenho um kit de aguarelas portátil que comprei há mais de 25 anos, e ainda tem um bocado de tinta e cada vez que o abro sinto-me inspirada!

Reparei que esteve a ler o livro ‘Norse Mythology’ de Neil Gaiman recentemente, gostou?
LG: Sim! Gostei muito. Também estou a ler ‘Sagas Islandesas’ que são muito boas, mas preciso de estar mais concentrada e com a mente mais alerta. ‘Norse Mythology’ foi escrito de maneira a ser entendido por todos.

Tem alguma história engraçada relacionada com o facto de tricotar que queira partilhar connosco?
LG: Hummm… o meu marido acha que tricot rápido – embora lhe esteja sempre a dizer que não. Uma vez, eu estava a trabalhar num projecto para oferecer no Natal à minha filha e o meu marido normalmente interessa-se por aquilo que estou a fazer, então antes de sair para o trabalho ele olhou para o xaile que estava a começar e disse:  ‘Está a ficar maravilhoso, querida’. Mais tarde, nesse mesmo dia, eu lavei outro xaile, parecido com o que estava a fazer mas que tinha sido feito há dois anos atrás, para a minha outra filha. Quando o meu marido chegou a casa e o xaile estava estendido lá fora, lavadinho, ele arregalou os olhos e disse; ‘Uau, és mesmo rápida!’

Se quiserem seguir a Lori vão espreitar a sua conta no Instagram em @loritimesfive .

Sejam felizes e sorriam,

Sara

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