Venham conhecer a Inger e os seus tesouros

Uma obra de arte para sonhar feita pela Inger



Como alguns de vocês que já estão habituados a usar o Instagram devem saber, nós recebemos sugestões de outras contas que podemos seguir, dependendo daquelas que já seguimos, e foi assim que fiquei a conhecer ‘Danish_boots’.

Adorei o ar ‘vintage’ e poético das criações da Inger Sorensen, que vão bem para além de uma mera boneca feita à mão.

Cada uma das suas criações parece ter sido cuidadosamente planeada, desde o tipo de tecido usado, aos detalhes pintados e a todo um cenário criado para cada fotografia.

A Inger, de 45 anos, gentilmente aceitou ser entrevistada por mim e partilhar um pouco mais sobre a sua arte, a sua vida e os seus gostos. Vamos conhecê-la…

Inger Sorensen na sua casa na Nova Zelândia

Onde estás localizada?
Inger Sorensen (IS): Em Hastings, Hawkes Bay, Nova Zelândia.

Qual a origem do nome ‘Danish_boots’?
 IS: Eu sou de origem holandesa. Comecei a estudar ‘gestão de pequenos negócios’ o ano passado e o nome surgiu por acidente, enquanto tentava aprender como comercializar os meus produtos através das redes sociais. Eu fui para o Instagram e foi assim que surgiu o nome.

Foste tu que criaste o teu próprio logótipo?
IS: Eu faço todos os meus trabalhos artísticos incluindo os logótipos, que mudam constantemente. Apercebi-me que gosto de o alterar… De momento tem o meu nome, Inger, e faz ligação com a minha página de Facebook.

Por que é que começaste a fazer bonecas à mão?
 IS: Eu estudei para ser professora do ensino básico, mas mais tarde decidi ir estudar Belas Artes, a minha verdadeira vocação, aprender sobre Arte e História. Em seguida estudei Design de moda e gestão e começou tudo por aí. Originalmente queria ser uma grande pintora, mas fazer bonecos de tecido simplesmente aconteceu. Era mais fácil transportar, de um lado para o outro, os materiais que usava para coser à mão. Às vezes sentava-me na carrinha a coser corpos e pernas de bonecas e a bordar enquanto esperava que os meus filhos acabassem as aulas. Agora pinto pequenos detalhes nas minhas bonecas e no meu diário gráfico, que uso para relaxar e como inspiração.

Que artistas te inspiram?
IS: Todos os grandes mestres de antigamente me inspiram: Miguel Ângelo, Van Goef, Renoir, Cézanne, Reynolds e poetas como Pope, Shelly, Wordsworth, Byron. Todos eles têm um papel importante naquilo que faço. Visitei a Holanda algumas vezes e tudo o que queria fazer era sentar-me nos museus e estudar os grandes artistas o dia inteiro. Não temos este tipo de exposição poética na Nova Zelândia. A atmosfera aqui é diferente. A minha casa está cheia de arte e de livros de poesia. Eu sou um ‘rato de biblioteca’ e as bonecas e as fotografias surgem vividamente na minha imaginação, enquanto estou a ler.

Como é que aprendeste a coser?
IS: No meu tempo aprendíamos a coser no segundo ciclo. Nos anos 80 era obrigatório aprendermos costura, arte, trabalho em metal e em madeira. Estas aulas já não existem, por isso fui muito sortuda porque continuei a aprendizagem no liceu e nas universidades de Auckland e Wellington. Aprendi a tecer com linho, e a fazer cestos e mochilas. A minha mãe ensinou-me a tricotar e aprendi a fazer padrões simples em crochet.

É difícil conciliar o teu trabalho com criar três filhos?
IS: Às vezes é difícil mas quero estar em casa para os meus filhos quando eles estão doentes ou de férias. Eu adoro trabalhar em casa e depois fazer um part-time quando é necessário. Eu sou mãe sozinha por isso a vida tem tido os seus desafios – o pai deles faleceu há 6 anos atrás, de uma doença terminal e tive de cuidar deles sozinha. Mas com o apoio dos meus pais.

Trabalhas a tempo inteiro como artista/artesã?
IS: De momento ainda não, mas esse é o meu objectivo. Espero abrir uma loja online através do meu próprio site para vender o meu trabalho. Estou em casa 80% do tempo. Estou a começar o marketing através das redes sociais e vendo através do Etsy e do Facebook.  Tenho uma previsão a 5 anos e uma estratégia para me ajudar a atingir os meus objectivos. Até agora tem-me ajudado a conquistar algumas coisas no meu pequeno negócio. É uma grande aprendizagem, mas tudo aquilo que estudei tem-me ajudado.

Um dos tesouros feitos pela Inger


As tuas fotografias no Instagram têm uma aparência ‘vintage’; usas tecidos/materiais ‘vintage’?
IS: Os tecidos ‘vintage’ têm a sua própria história. Cada pedaço de tecido tem um segredo por ter sido de alguém antes. Gosto de os usar mas de vez em quando, não gosto de desperdiçar material.  Também uso tecidos novos, eles são mais fáceis para trabalhar com moldes.

Onde vendes maioritariamente o teu trabalho?
IS:  Na minha loja no Etsy; o Instagram e o Facebook têm sido uma aprendizagem. Não é fácil mas posto regularmente e para o público certo.

É difícil equilibrar o tempo que despendes a fazer as tuas criações e o que tens de passar nas redes sociais a promovê-lo?
IS: Sou muito boa a organizar e a fazer listas com os objectivos para cada semana, tendo em conta dias para descansar. Uns dias fotografo, outros procuro tecidos e pequenos tesouros, ou pesquiso… Coso tarde à noite porque é nessa altura em que me apetece. Promovo o meu trabalho no Twitter, Facebook, Instagram, Linkedin e no Google+ e tenho um blogue no Medium, com o nome de Notebookdane, e o meu próprio site. Tenho uma conta no Pinterest e algumas bonecas de tecido já foram ‘guardadas’por outros. Passado algum tempo já fazemos tudo bem rápido porque não passa tudo de copiar e colar URLs e links, e colocar fotografias com aspecto profissional. No outro dia li que só existem 5 redes sociais para levares o teu trabalho ao teu público target. Cada vez o faço melhor e as pessoas ou gostam do teu trabalho ou não.

Que redes sociais preferes?
IS: O Instagram e o Twitter têm sido os mais positivos e os que me têm dado mais apoio. O Instagram tem precedência. O Facebook demora mais tempo a ter seguidores; ainda o uso há pouco tempo.

Qual é o melhor método para ganhar mais seguidores?
IS: Tenho tendência a ter mais seguidores no Instagram e os outros artistas dão bastante apoio. Há pouco tempo aprendi que se podem pôr hashtags em emojis o que pode ajudar a arranjar mais seguidores. Eu sou muito honesta naqueles que sigo. Algumas pessoas começaram a seguir-me no início e eu faço o mesmo. Gosto de lhes dar comentários positivos se gostar de alguma coisa, e não tem de estar relacionado com bonecas feitas a mão. Tenho sempre presente que são pessoas reais, com sentimentos e que postam coisas boas, mesmo no início.

Achas que o facto de se ter mais seguidores equivale a ter mais vendas?
IS: Eu acredito que temos de trabalhar arduamente, e o teu nome, o teu trabalho, a tua marca vão sendo cada dia mais reconhecidos. Vão vendo a qualidade do teu trabalho e começam a comprar peças. Eu tenho tido muita sorte e já vendi aos mesmos clientes mais do que uma vez, o que me deixa muito feliz.

Que tipo de embrulho,  os teus clientes podem esperar encontrar ao comprar uma das tuas peças?
IS: Eu costumo fazer as minhas próprias caixas ou sacos, dependendo do tamanho das peças. Adoro o acto de embrulhar antes de enviar as minhas criações pelo correio. Ponho sempre algo mais com uma das minhas bonecas.  Os clientes gostam de receber algo extra, como um pequeno saco cosido à mão ou uma pequena almofada.

Costumas fazer feiras/mercados?
IS: Não, não sou fã de multidões e ter de tomar conta dos meus filhos ao mesmo tempo. Prefiro vender online. Podem-me enviar questões por email e não tenho nenhum problema em enviar mais fotos para que possam ter uma ideia mais real do que estão a comprar.

Tens alguma história engraçada que queiras partilhar?
IS: Não tenho nenhuma, mas às vezes há pessoas que confundem um dos ursos que eu faço por um gato, acabando por o comprar à mesma por se terem apaixonado por ele.

Que conselho podes dar a um novo artista/artesão que queira viver da sua arte?
IS: Façam bem o vosso trabalho se quiserem viver dele. E coloquem-se objectivos atingíveis daquilo que querem fazer. Eu ainda tenho um part-time enquanto estou a aperfeiçoar o meu trabalho artístico e adoro os desafios que vou encontrando pelo caminho.


Podem encontrar a Inger Sorensen no seu site – www.ingersorensen.com – no Facebook – Inger K Sorensen – ou no Instagramwww.instagram.com/danish_boots

Comentários

  1. Sara adorei ler esta entrevista. Muito sinceramente foi uma inspiração para mim. Eu que, com todas as dificuldades que uma mãe enfrenta, entre trabalhar, tratar dos filhos, das coisas da casa e tudo o mais, tenta avançar muito lentamente com uma paixão, que desejaria que pudesse trazer mais reconhecimento e um retorno financeiro, mais que não fosse para se autofinanciar. A história de preserverança e dedicação da Inger fez-me encher novamente de confiança. Obrigada. Vou gostar muito de ler mais destas entrevistas. Muitos parabéns pelo teu trabalho. Um grande Beijinho Francisca

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    1. Olá Francisca, fico tão feliz por teres gostado e por dar esse alento. A minha ideia é mesmo essa, dar mais informação e esperança. Obrigada por estares aí :)

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