venham conhecer o Steven e a sua forma de ver as ondas

Steven Kean com uma das suas obras

Olá a todos!

Hoje queria falar-vos de um artista americano, Steven Kean de 36 anos e de Oahu no Havai, que descobri por acaso durante os meus périplos pelo Instagram. Quando pesquisamos por ‘surfart’ seja no instagram ou noutros media, aquilo que nos aparece é muito mais do mesmo. Mas o trabalho do Steven chamou-me a atenção pelo detalhe e pelo trabalho constante das ondas.

Não, as ondas não são todas iguais e até agora não vi ninguém representá-las da mesma maneira, até mesmo o mesmo artista não consegue nunca recriar algo igual. A luz na água nunca fica igual, o rebordo da onda, a espuma, a velocidade… Há quem as recrie quase como uma fotografia, outros de uma forma muito simples só com os traços mais relevantes, mas no caso do Steven é incrível o que ele faz porque ele transporta os seus desenhos para madeira ou placas de linóleo.
Depois de fazer o desenho e de o passar para o meio que vai usar, ele tem de esculpir e dar relevo a cada pormenor para que depois possa ser usado como impressão.
Contactei o Steven e ele foi bem generoso em nos dar uma entrevista. Vamos então conhecê-lo um pouco melhor…

*Qual é a origem do nome ‘Keanarts’?
Steven Kean (SK) – É o meu último nome + Arts  (é também uma espécie de trocadilho com a palavra keen em inglês que significa gostar de).

* Foste tu que criaste o teu próprio logo?
SK – Fui eu e o meu irmão Brian que tivemos a ideia. 

Steven a trabalhar numa das gravuras



* Porquê que começaste a  trabalhar com gravuras/impressão em madeira?
SK – Sempre gostei de trabalhar com Madeira, fosse a construír coisas – mesas, prateleiras, casas, etc. Na universidade fiz um pouco de escultura onde usava vários tipos de madeira.  Quando me foi dado a conhecer a técnica da gravação em relevo, especificamente em blocos de madeira, fiquei logo siderado. Para mim funciona como meditação. Eu uso a maioria dos meus sentidos quando estou a trabalhar num bloco de madeira. Conduzir uma ponta afiada de aço através de uma peça de Madeira é o que existe de mais terapêutico para mim. É incrivelmente calmante, refrescante. 

* Que artistas mais te inspiram?
SK - Há tantos que é dificil nomear só alguns. O Freddy Booth e o Sean Davey, ambos fotógrafos aqui em Oahu, capturam as imagens mais incríveis. Eu inspiro-me muito em Naythan Ledyard, um entalhador da Califórnia.  Kris Goto, John Hook, Kelli MacConell… a lista poderia continuar por aí fora.  Nos dias de hoje, com o Instagram e as redes sociais podemo-nos ligar e encontrar inspiração num mundo inteiro instantaneamente.

* O teu trabalho faz-me lembrar a arte tradicional da polinésia, que nos dias de hoje ainda está presente na arte nativa do Havai; foste influenciada por ela?
SK – Nem por isso, embora tenha muito respeito pela cultura, arte e o estilo de vida tradicional dos nativos do Havai. Há tanto para aprender com a forma como eles levam a vida do dia-a-dia. Viver uma vida cheia de ‘Aloha’ – a palavra é usada para cumprimentar ou se despedir de alguém mas tem um significado mais profundo na cultura havaiana, significando amor, paz e compaixão -  e Amor é aquilo ao qual aspiro. 

* Tens algum background em Artes?
  Sim. Tenho uma licenciatura em educação artistic da Universidade Temple em Filadélfia.

*Como aprendeste a desenhar?
SK – Desde pequeno que isso me foi alimentado. A minha mãe Linda, é e foi uma grande defensora da música e da performance visual.

*Trabalhas a tempo inteiro na tua arte?
 SK – De momento, trabalho em part-time como professor de artes e no resto do tempo com artista profissional.

*Reparei que também fazes gravação em linóleo; em termos da impressão existe alguma diferença entre um método e outro, ou a diferença está só na duração da gravação?
SK - É essencialmente o mesmo processo, trabalhar em madeira ou linóleo. A maior diferença é que o linóleo é muito mais macio e não tão duradouro como a madeira. Gosto de ambos, tudo depende a imagem que pretendo criar e o seu tamanho.

*Adoras as ondas e o surfe; alguma vez pensaste em fazer uma prancha de surfe ou decorar uma prancha com o teu trabalho?
SK – Sim, adoro ambos. Já fiz uma prancha. Foi no liceu quando tinha começado a surfar. Eu e uns amigos meus decidimos experimentar. Cada um de nós fez uma. Ainda a tenho. Às vezes ponho alguma cor nas minhas pranchas mas eu gosto muito da simplicidade das pranchas sem nada gráfico. Elas são uma obra de arte em si mesmas. Tal como o corpo humano, alguns gostam de o tatuar e outros não ;)

*No futuro gostavas de experimentar outros métodos/técnicas nas tuas obras de arte?
SK -  Por enquanto, a gravura vai continuar a ser o processo através do qual transmito o sentimento de estar no ou perto do mar. É o meu lugar feliz. Mas quem sabe… no futuro pode apetecer-me outra coisa diferente, mas por agora considero-me um gravador.

*Usas algum tipo de madeira especial para gravar?
SK – Maioritariamente trabalho com placas de MDF. Que é basicamente madeira reciclada numa forma composta.

*Eu acho que a água, e que o mar em particular, requerem muita técnica para serem recriadas fielmente; quais são os pormenores em que te focas para dares ‘vida’ ao mar no teu trabalho?
SK - O meu foco principal é a ‘comunhão’ que sinto com a Mãe Natureza enquanto estou na água. Existe uma ligação simbiótica como nenhuma outra. Sinto-me totalmente ligado. Se tivesse de o reduzir a somente a alguns elementos, diria que são o movimento, textura, espaço, equilíbrio e harmonia.

*Eu sou portuguesa e vivo em Portugal; já alguma vez visitaste o país? Com a chegada do Garrett McNamara à Nazaré, e o facto de ele surfar as grandes ondas de lá, Portugal ficou mais conhecido pelas suas grandes ondas; gostas de surfar ondas grandes ou preferes a ligação um a um com a onda independentemente do deu tamanho?
SK – Eu nunca estive em Portugal mas adorava ir lá um dia. Daquilo que vi em fotografias e que li, acho que Portugal e eu nos íamos dar muito bem :) Só recentemente me comecei a interessar pelas ondas grandes – bem não grandes ‘Nazaré’. Não para temer pela vida. Hah! Só tenho respeito pelos que surfam as grandes ondas do mundo. Vocês são uma ‘raça’ à parte!

*Onde vendes maioritariamente o teu trabalho?
SK - Na galeria ‘The Polu’ em Haleiwa, na zona norte de Oahu.

*É difícil equilibrar o tempo que passas a fazer os teus trabalhos artísticos e o tempo que tens de passar nas redes sociais a promove-las?
SK- Eu tento não ficar muito preso às redes sociais. Primeiro que tudo, eu crio arte porque adoro fazê-lo. Faço-o por mim. É a minha paixão. Se os outros o veem e gostam do que estou a fazer, então é um bónus, e eu fico feliz por eles gostarem. Dito isto, as redes sociais são uma forma excelente para partilhar, para nos inspirarmos e para nos publicitarmos.

*Que rede social preferes? Porquê?
SK - Instagram.  Ligações mundiais a qualquer hora do dia.

*Que método é que achas que é melhor para ganhar mais seguidores?
SK – Acho que ainda não sei. Eu apenas faço o que faço e partilho isso com o mundo.

*Achas que quanto mais seguidores mais vendas?
SK -  Hummm... Honestamente, eu não olho para o número de seguidores como potenciais vendas. Quero dizer, as hipóteses de vender são tecnicamente maiores quanto mais gente de segue, mas tal como disse, eu faço-o por amor. Claro que quer fazer dinheiro mas não penso que tenho de ganhar mais seguidores para ter mais vendas. 

*Fazes algumas feiras de artesanato? Se sim, quais?
 SK – Faço. No verão passado fui o artista principal do Festival de Artes de Haleiwa e fui convidado para o mercado nocturno do ‘Four Seasons’ de Ko’olina há alguns meses. É óptimo estarmos pessoalmente com as pessoas e este tipo de eventos são sempre divertidos.

*Tens alguma história engraçada que queiras partilhar?
SK – Não me lembro de nada…

*Tens algum conselho para dar a novas artistas/artesão que queiram viver da sua arte?
 SK – Primeiro que tudo, façam-no por amor. Mais cedo ou mais tarde, a vossa paixão vai ser notada. Se não te divertires a faze-lo, pára e encontra outra coisa para fazeres. Dito isto, vais ter de te esforçar. Não vem facilmente, ou pelo menos não aconteceu no meu caso. Eu trabalho muito arduamente naquilo que faço. É um trabalho de amor e não imagino outra maneira de o fazer.
Espero que tenham gostado de conhecer o Steven e que vão espreitar o seu site – www.keanarts.com – e a sua conta no Instagram www.instagram.com/keanarts    

Tenham um dia feliz :),

Sara




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