Podem a Cultura e o trabalho voluntário ser uma arma?
Tenho pensado muito ultimamente na organização das cidades e o que nós, cidadãos, podíamos fazer para as melhorar.
Lisboa foto de https://travel.mapquest.com |
Eu vivo numa cidade com uma população muito envelhecida, mas
também com crianças, ou seja, na práctica a maioria das pessoas tem dificuldade
em ajudar os seus idosos, através de um lar ou de actividades diárias que não
os deixem tão sozinhos, mas também em arranjar valências para os mais novos,
seja em creches, jardins de infância ou
espaços de tempos livres.
Outra coisa que noto é que nas grandes cidades as pessoas
têm menos a ideia de comunidade, do bem comum, e por isso se preocupam menos se
as ruas têm lixo, flores ou se há coisas que precisam de conserto.
Esta semana que passou acabei de ler um livro que aconselho
a ler chamado ‘Culture as Weapon’ (A Cultura como Arma) de Nato Thompson, director
artístico da ‘Creative Time’, uma das mais prestigiadas organizações de Arte de
Nova Iorque. Nesta obra são abordados vários assuntos, e entre eles a forma
como a cultura e a arte podem revitalizar bairros e cidades, teoria com a qual
concordo plenamente.
Nada daquilo que estou ou vou falar é novidade em si, mas
quis partilhar estas ideias convosco, pode ser que me ajudem a perceber a razão
pela qual elas não são postas em práctica.
Foto de http://sourcethestation.com |
Por exemplo, se temos terrenos baldios que não são de
ninguém ou se temos zonas mais pobres da cidade, em que toda a ajuda é
bem-vinda, por quê que não organizamos hortas e jardins comunitários?
No que diz respeito às hortas, seriam tratados organicamente
e ajudariam a alimentar a população e até mesmo, para as refeições das escolas
ou lares. Se houver mais árvores de fruto nos jardins, não só se pode usar a
fruta para comer, mas também para fazer compotas.
Foto de http://observers.france24.com |
Se se incutir mais a ideia de trabalho solidário em cada
pequena comunidade, podem-se organizar eventos de limpeza e pintura das
cidades, incluindo das escolas.
Todo este trabalho, esta entrega ao sítio em que vivemos,
não só nos faz mais ter a sensação de pertença àquele espaço físico, mas também
a querer cuidar dele como se fosse uma extensão das nossas casas.
Tendo as juntas de freguesia e as câmaras municipais como
centro de apoio, podem-se organizar grupos para quase tudo: caminhadas, andar
de bicicleta, corrida, jardinagem, grupos musicais, grupos de pintura, clubes
de leitura, etc.
Ceramista Becky Grunder, foto de https://the189.com |
Estes grupos podem depois, dentro de cada área, organizar
pequenos workshops gratuitos onde se
ensina a reciclar objectos, a fazer hortas em varandas, a construír
instrumentos musicais de algo tão simples como uma flauta de uma cana ou uma viola
de uma abóbora…
E porque não envolver os mais idosos nos espaços de tempos
livres das crianças, onde podem partilhar experiência e deste contacto
geracional tão importante, e que muitas vezes falta de parte a parte.
Casas históricas podem-se tornar museus, mas museus vivos,
onde as pessoas se juntam para ver exposições, pequenos saraus musicais e
também se organizam tertúlias e clubes de leitura.
De antigos armazéns ou fábricas podem-se fazer espaços onde
se deêm aulas de dança, música, pintura, teatro e também oficinas de artesãos
que trabalhem a cerâmica, os tecidos, lãs, madeiras, entre outras
matérias-primas, para não se perderem artes e conhecimentos antigos e se
mostrarem profissões que continuam a existir, mesmo com um cariz mais
contemporâneo.
A reciclagem também é uma forma de reduzir a quantidade de
lixo orgânico, que pode ser utilizado para fertilizar as hortas comunitárias.
Os mercados de trocas ajudam a reciclar de outra forma, a encontrarmos algo que
precisamos, e a darmos algo que já não faz falta.
Foto http://happilacpaints.com |
Os muros das escolas podem ser pintados com os desenhos das
crianças, durante as actividades artísticas. Podem-se observar os pássaros que
vivem na área, descobrir mais sobre eles noutras actividades escolares e até
fazerem casinhas de pássaros para incentivarem a protecção da fauna local.
Muitas destas actividades podem ser feitas quase sem gastar
dinheiro, com infraestruturas que já existem, parcerias com determinadas
entidades e com trabalho voluntário.
Uma localidade cheia de vida, atrai mais gente para lá viver
e melhora a qualidade de vida.
Foto https://pixabay.com |
Cada vez mais acredito que as pessoas é que fazem a
diferença e não os partidos políticos, e que se querem sentir participantes na
construção de uma vida melhor e mais feliz…
E vocês, que acham?
Sejam felizes e contagiem os outros com os vossos sorrisos,
Sara
Comentários
Enviar um comentário
Obrigada por participar e por estar desse lado