Dentro de um quadro - Vincent Van Gogh
Eu gosto de arte que me provoca emoções, que me faz sentir
algo.
Os quadros do pintor holandês Van Gogh (1853-1890) fazem-me
querer tocar-lhes, por que as texturas que ele cria parecem tão reais.
Outra coisa que sinto é que apesar de ele ter sofrido de
melancolia e depressão, ele consegue ter sol nos seus quadros. Há quase sempre
um toque dourado, como se os raios de sol beijassem as suas pinturas.
O vento e os pássaros a voar, os campos dourados pelo sol,
os pontilhados que juntos formam árvores, pessoas e ruas. Consigo até sentir o
cheiro das flores silvestres dos campos em tardes de calor.
As árvores em flor fazem-me lembrar as amendoeiras do
Algarve, e os céus nocturnos iluminados pelas estrelas fazem-me imaginar as
noites quentes de Verão com os grilos e as cigarras a cantar.
Os campos que pintou com tons de azul trazem-me as memórias
dos tempos frios e ventosos, em que os verdes são mais verdes e se sente o
cheiro da humidade no ar.
Os retratos já me parecem mais rudes, mais crús e muitas
vezes tristes, o oposto do que me transmitem as paisagens.
Carteiro Joseph Roulin |
La Berceuse |
Acho que os únicos que não me fazem sentir isso são os do
‘Carteiro Joseph Roulin’ – em que o ar sério contrasta com as flores e o da ‘La
Berceuse’ – em que o seu porte austero e a corda que tem na mão, dando o ar de
estar presa a algo, fazem contraponto com as flores brancas sorridentes sob o
fundo verde.
As botas que aparecem em alguns dos seus quadros fazem-me
sentir como se elas estivessem para ali atiradas, cansadas, sós, amachucadas e
tristes.
Há muitos anos atrás encantei-me com o filme de Akira
Kurosawa, ‘Os Sonhos’, exactamente por me permitir entrar nos quadros do Van
Gogh e fazer efectivamente parte deles.
Quando soube que havia um filme mais recente chamado ‘APaixão de Van Gogh’ sobre ele e que tinha sido todo pintado à mão, senti que
tinha de o ver o quanto antes. E vi. E adorei. Absolutamente. É mesmo incrível
a sensação de todas aquelas personagens e paisagens ficarem animadas.
O filme, que estreou em 2017, conta a história dos últimos
tempos de vida do Van Gogh, baseado nas cartas que este escrevia ao seu irmão
Theo.
Para fazer este filme mais de 100 artistas pintaram mais de
65,000 frames, por cima de mais de mil telas, e depois de já terem filmado com
actores reais. Demoraram cerca de quatros anos a desenvolver esta técnica, e
trabalharam em estúdios nas cidades polacas de Gdansk e Wroclaw e num estúdio
em Atenas, Grécia. Aqui podem ter uma ideia de como este filme foi concebido.
Fiquei tão inspirada com o filme que tenho vontade de ler a
compilação das cartas que o Van Gogh escreveu ao seu irmão Theo. Para saber um
pouco mais sobre si na primeira pessoa, quase como se fosse ele a sussurar-me
ao ouvido os seus pensamentos.
Se tiverem interesse, podem espreitar o canal de Youtube do
Museu do Van Gogh e explorar este, e outros museus, de forma digital através de
um projecto da Google que se chama ‘Arts and Culture’- esta empresa juntou-se a
mais de 60 museus e galerias de todo o mundo, para arquivar e documentar as
suas peças de arte, e assim possibilitar visitas virtuais a estes mesmo museus
através da tecnologia Google Street View.
E tive outra ideia! Vou pedir à minha filha de 6 anos para
inventar comigo uma história para um dos seus quadros. Depois partilho convosco
a experiência.
Se fizerem o mesmo com as crianças da vossa vida, partilhem
comigo o resultado e faço um post inteiro dedicado às nossas experiências .
Sejam felizes e sorriam sempre,
Sara
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