'O Pedro e o Lobo' de Prokofiev




Em  muitas séries, filmes e desenhos animados é costume associarem-se trechos musicais a determinadas personagens e outras vezes, a situações para que pareçam mais alegres ou dramáticas. A maioria das vezes já é tão normal que nem pensamos nisso.

Eu lembro-me bem da primeira vez na vida em que pensei nisso conscientemente, foi a ouvir ‘O Pedro e o Lobo’ de Prokofiev em vinil, numa versão dos anos 50 narrada por Boris Karloff que a minha mãe punha para eu e o meu irmão ouvirmos.

A parte mais divertida para nós, para além de ouvirmos a história, era o tentarmos descobrir os vários instrumentos e trechos musicais que eram associados a cada personagem.

Computador ZX Spectrum 48K

Nos anos 80, em que os computadores ZX Spectrum 48k ainda eram só para alguns, só havia dois canais de televisão e os filmes de desenhos animados eram da Disney e dobrados em brasileiro, o facto de termos esta história ‘à mão de semear’ era ainda mais mágico.

Esta história é um conto sinfónico para crianças que foi encomendada pela directora do ‘Teatro Central  para Crianças’ de Moscovo, Natalya Sats, a Sergei Prokofiev em 1936.

A ideia base da peça era dar a conhecer diferentes instrumentos da orquestra, mas individualmente, tendo a história de um jovem ‘pioneiro’ – uma espécie de escuteiro na antiga União Soviética – que ao desobedecer ao seu avô, saindo de casa sem autorização acaba por enfrentar um lobo e sair vitorioso.








Na história o pássaro é representado pela flauta, o pato pelo oboé, o gato pelo clarinete, o Pedro por um quarteto de cordas, o avô pelo fagote, o lobo por três cornetas e os tiros dos caçadores por tambores.

Prokofiev nasceu no dia 23 de Abril de 1891 na Ucrânia e faleceu de enfarte cerebral na antiga União Soviética no dia 5 de Março de 1953, no mesmo dia de Estaline.

A sua mãe deu-lhe aulas de piano e mais tarde estudou no Conservatório de Música de São Petersburgo, na época dirigido por Rimski-Korsakov. Aos 9 anos ele compôs ‘O Gigante’ , a sua primeira ópera.

Depois da revolução russa em 1917, ele foi viver para os Estados Unidos, em 1923 foi para Paris, onde se casa, e em 1930 volta para a União Soviética.

‘O Pedro e o Lobo’ estreou a 2 de maio de 1936 no Conservatório de Moscovo, e em Março de 1938 estreou nos Estados Unidos com Prokofiev a conduzir a Orquestra Sinfónica de Boston.


Naquela altura, o compositor visitou Los Angeles e conheceu Walt Disney, a quem mostrou esta peça numa versão para piano.


Walt Disney ficou impressionado e mais tarde, em 1946, fez uma adaptação animada, narrada por Sterling Holloway, em que se alterou ligeiramente a história – nesta versão o pato não é comido pelo lobo.

Desde esta altura já foram feitas várias versões do ‘Pedro e o Lobo’, algumas delas animadas, em que são feitas ligeiras alterações à história original.

A versão do 'Pedro e o Lobo' por Bono 


Algumas dessas versões são: uma narrada por Sophia Loren,Bill Clinton e Mikhail Gorbachev, que ganhou um Grammy em 2004; uma narradapelo Bono, vocalista dos U2, e ilustrada por ele e as suas filhas; uma narrada por Eunice Munõz; e uma versão britânica e polaca animada de 2006.

Esta obra de Prokofiev é uma óptima forma de mostrar às crianças o que é uma orquestra e os instrumentos que a compõem. Podem mostrar-se imagens dos instrumentos que entram na história, podem-se fazer teatrinhos de fantoches, podem ter imagens de cada personagem que levantam no ar sempre que a música que lhe corresponde começa a tocar. São imensas as possibilidades e nem precisam de ser feitas na escola. São actividades bem interessantes e divertidas para fazermos com eles em casa, ou até numa altura especial como numa festa de anos ou no Natal.

É de pequenino que se treina o ouvido e se abrem horizontes, às vezes só temos de lhes ‘abrir’ uma porta ou uma janela para soltar a imaginação.

Sejam felizes e sorriam sempre,

Sara

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