Sorrisos, sonhos e as mulheres na arte - entrevista a Lucia de Marco
Sorrisos abertos que irradiam sol. Sim, esta seria uma boa definição que daria da Lucia de Marco, uma jovem italiana de 24 anos, que estuda História de Arte na universidade, enquanto nos encanta com as suas aguarelas.
O primeiro contacto que tive com o seu trabalho, foi por
causa de um post que ela fez do seu calendário literário. Não tenho bem a
certeza, mas penso que foi o seu retrato da Beatrix Potter, da qual
sou uma enorme fã, que me chamou à atenção e me prendeu desde aí ao seu
trabalho.
Uma das páginas do seu calendário literário dedicada às irmãs Bronte |
Descobri que ela também partilhava do meu gosto pela
literatura, e que para além da Beatrix Potter ela também gostava da
Jane
Austen, das irmãs Bronte e de Emily Dickinson como eu.
Foi por tudo isto que quis muito falar com ela, e aqui está
a nossa conversa…
Lucia de Marco |
Como surgiu o nome ‘Lucyinthepapersky’?
LM: Na verdade
surgiu por graça. Quando abri a minha conta no Instagram estava a ouvir
uma canção famosa dos ‘Beatles’, e imaginei que o meu céu
de diamantes era na realidade um céu de papel e colorido.
O seu logo foi
desenhado por si?
LM: Eu fiz o meu
logo sozinha.
Por quê que começou a
pintar?
LM: Não há motivo
específico é algo que faço desde sempre, por instinto. Seria o mesmo que me
perguntarem por quê que respiro.
Que artistas a
inspiram?
LM: Estou a
formar-me em História de Arte, e isso ajudou-me a criar uma memória visual dos
artistas que eu gosto. Os Impressionistas
ajudaram-me muito na busca de cores luminosas e brilhantes.
De momento trabalha a
tempo inteiro como artista?
LM: Neste momento
sou estudante universitária, mas um dia espero que sim.
Que tipo de materiais
usa no seu trabalho?
LM: Essencialmente
uso aguarelas, mas também pastel. A aguarela é uma técnica que acho que tem
muito a ver comigo. Permite-me criar um efeito suave que nenhuma outra técnica
consegue dar.
No futuro gostava de
experimentar outros materiais?
LM: Talvez sim,
talvez não. Quem sabe? O futuro o dirá.
O que pretende
transmitir com a sua arte?
LM: Quero
transmitir uma sensação de paz, de tranquilidade. Quero criar uma espécie de
oásis, onde se possam refugiar.
Por quê que escolheu
a ilustração?
LM: Desde pequena
que sempre fui apaixonada pela literatura e os livros. Foi um caminho que
surgiu naturalmente.
Tem um calendário
lindo inspirado por escritoras famosas; como surgiu esta ideia?
LM: Surgiu do meu
interesse pelo papel das mulheres na arte e na literatura. Na maioria das
vezes, na escola e na universidade não se estudam as obras feitas pelas
mulheres. Assim, pensei dar um pequeno contributo para divulgar todas as minhas
escritoras preferidas.
Teve de pesquisar
fotografias e biografias?
Sim, fiz uma pesquisa que completei com informação que já
tinha das minhas leituras pessoais.
Eu também sou uma
grande fã da Beatrix Potter; ela
influenciou o seu trabalho?
A Beatrix Potter é sempre um ponto de
referência para mim, tanto ao nível artístico como pessoal. Ela era uma mulher
forte que fez da sua paixão uma carreira, num mundo que na altura era bem
diferente. Além disso, ela também pintava a aguarela. Eu aprendi muito com a
sua técnica.
A mudança de Estação
do ano influencia o seu trabalho?
LM: As Estações
do ano são muito importantes para mim a nível psicológico. O Inverno para mim é muito difícil.
Definitivamente, pinto melhor quando o tempo está melhor.
Reparei que
normalmente desenha as pessoas de perfil; há alguma razão para isso?
LM: Eu penso que
o perfil nos caracteriza muito mais do que a nossa frente.
Já alguma vez ilustrou
algum livro?
LM: Sim, o meu
último livro chama-se ‘Como faccio senza di te?’ (O que
faço sem ti?) editado pela Progedit.
Tem livros/escritores
preferidos?
LM: Todas as que
ilustrei para o meu calendário literário: como a Jane Austen, a VirginiaWoolf ou a Emily Dickinson.
Costuma andar sempre
com um bloco de desenho consigo?
LM: Sim, gosto
muito de andar com um caderno, especialmente nas viagens. É uma forma de manter
o olho treinado.
As pessoas
normalmente associam a ilustração a livros de crianças; acha que devia haver
mais livros ilustrados para adultos?
LM: Eu acredito
que todos os livros que são designados como sendo para crianças, são na verdade
também para adultos. Tudo depende do ponto de vista de quem os lê.
Onde vende o seu
trabalho?
LM: Essencialmente
na internet, como no Etsy.
É difícil equilibrar
o tempo que gasta a fazer o seu trabalho e aquele que despende nas redes
sociais a promovê-lo?
LM: É sempre
difícil. Mas quanto mais criamos, menos tempo estamos nas redes sociais. Uma
ilustração nova e bem feita é a melhor forma de tirar a nossa atenção das redes
sociais.
Que rede social
prefere?
LM: Sem dúvida, o
Instagram,
que é o meio com o qual comecei a trabalhar. Sem o Instagram provavelmente
agora não estaria aqui a responder a estas perguntas sobre o meu trabalho. É um
sítio tranquilo (ao contrário do Facebook) e muito estético. É
perfeito para quem trabalha com as imagens como eu.
Que método pensa ser
o melhor para ter mais seguidores?
LM: Não há
truques, temos de nos comprometer a postar conteúdo interessante
constantemente, e sermos activos nesta plataforma.
Acha que mais
seguidores significa mais vendas?
LM: Seguramente
que os números são importantes, mas também é possível ter sucesso com poucos
seguidores. O importante é que estejam mesmo interessados no nosso trabalho.
Já participou em
alguma feira?
LM: Já participei
em várias, incluindo a feira ‘Mundo Criativo’ em Bolonha.
Foi difícil encontrar
um lugar onde imprimir as suas ilustrações originais, com uma boa relação
qualidade-preço?
LM: É sempre
difícil encontrar uma gráfica que imprima bem as imagens. De momento uso sempre
uma online.
Tem alguma história
engraçada que queira partilhar connosco sobre o seu trabalho?
LM: A minha
primeira cliente no Etsy foi uma freira de um pequeno convento no Massachusetts. Quando soube fiquei
bastante surpreendida.
Que conselho deixa a
novos artistas que queiram viver da sua arte?
LM: O meu
conselho é para trabalharem muito e não desanimarem. As oportunidades existem
se estivermos no mercado certo.
Depois de tudo o que ela partilhou, e por ver sempre muito
atentamente os seus posts e todo o cuidado e carinho que ela põe naquilo que
faz, a minha mente pergunta-se logo, que calendário ilustrado fará ela a
seguir?
Não sei a resposta, mas de certeza que vou saber ao seguir o seu Instagram
e a sua loja no Etsy.
Não se esqueçam nunca de sorrir e de acreditar nos vossos
sonhos, ambos são capazes de mover grandes obstáculos,
Sara
Nota: Todas as fotografias acima postadas são da autoria da Lucia de Marco e representam-na a ela e ao seu trabalho.
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