A tinta preta também pode trazer cor ao nosso mundo - Iain McManus
O gato Cheshire por Iain McManus
Gosto muito de muitos dos filmes do Tim
Burton, daquele misto de personagens belas-horríveis – quem mais desenharia um
esqueleto com um ar tão querido e amoroso, como o ‘Jack’ no filme ‘O Estranho
Mundo de Jack’ – que se tornam tão especiais e inesquecíveis.
Já devem ter percebido também que em
termos artísticos, este tipo de desenho não tem muito a ver com aquilo que
faço, mas isso ainda torna tudo mais espectacular.
Acho que devemos ter a mente aberta,
ler, ver, observar muito o que outros fazem não só por cultura geral, mas
também para vermos o ‘mundo’ por outra perspectiva. Muitas vezes, encontramos
pequenos detalhes que nos chamam à atenção e que às vezes, nos ensinam coisas e
acabamos por incorporar essas influências no nosso trabalho.
Foi assim, sem querer, que descobri o
Iain McManus, de 23 anos de Glasgow, na Escócia, no Instagram como @iainwhocantsleep
.
Os seus desenhos fizeram-me logo lembrar
o Tim Burton e um dos seus livros ‘A
Morte Melancólica do Rapaz Ostra & Outras Histórias’ , que eu adoro. E é incrível que embora ele use somente tinta preta, e na maioria só faça
pequenos detalhes das personagens – como as suas cabeças, por exemplo – nós conseguimos
‘ver’ lá cor e quase não notamos que ‘falta lá o resto’.
Por isso, achei muito engraçado que ele
tenha mencionado o Walt Disney como
uma das suas inspirações, o que poderia parecer um pouco paradoxal.
Vamos então ‘falar’ com ele…
Qual a origem do nome ‘Iainwhocantsleep’?
Iain McMannus (IM) - Criei o nome em 2013. Estava acordado e já
era tarde e decidi criar uma conta de Instagram. Naquela altura eu não
dormia nada bem por isso, pensei em ‘Iainwhocantsleep’ (Iain que não
consegue dormir). Acho que tive sorte porque parece que se diz facilmente.
Tens algum logótipo?
IM -
Ainda não tenho um logótipo mas recentemente estive a pensar nisso e tive uma
ideia, tem um polvo por isso deve ficar ‘cool’.
Por quê que começaste a desenhar?
IM -
Por estar aborrecido nas aulas. É tão estranho voltar a pensar no liceu e na
universidade e o quanto eu desenhei nos meus livros. Definitivamente estava a
ir numa direcção, só ainda não sabia qual era.
Que artistas te inspiram?
IM -
Eu não me inspiro muito noutros artistas. Estudei-os por causa da escola e por
alguma investigação da minha parte, mas não é isso que me influencia. Sinto-me
mais inspirado por outro tipo de artistas como o John Lennon, Steven Spielberg,
Steve Jobs ou o Walt Disney. O Walt e o Spielberg
eram e são artistas por isso acho que também conta. Por isso, sinto-me
mais inspirado por pessoas incríveis que fazem coisas espectaculares, se isso
faz sentido…embora adore HayaoMiyazaki – realizador, produtor,
guionista, animador, autor e artista de Manga japonês.
Estudaste artes?
IM -
Nem por isso, para além do liceu e até determinado nível a universidade.
Aprendi a desenhar sozinho. Rabiscar os livros ajudou bastante. Se calhar daí
vem o facto dos meus desenhos serem pequenos…nunca tinha pensado nisso até
agora. Interessante…
Trabalhas a tempo inteiro como artista?
Foco-me nisto a tempo inteiro por isso
acho que sim. Embora ainda não me pareça um trabalho…ah,ah..
Que tipo de materiais usas? Por quê?
IM -
Eu uso maioritariamente produtos da Faber Castell porque acho que
conseguem os pretos mais profundos e as linhas mais claras. Também uso os
pincéis deles. Recentemente mudei dos lápis 6H para 4H por ser mais fácil
desenhar quando as linhas são mais escuras.
No futuro gostavas de experimentar técnicas e
materiais diferentes?
IM -
Eventualmente gostava de começar a pintar. Não sempre, mas de vez em quando.
Acho que conseguia fazer algo com uma tela gigante. Tenho ‘montes’ de ideias.
Estou a esperar pacientemente para o fazer…
Por quê que desenhas normalmente só parte de
uma personagem?
IM -
Sinto que já vi o ‘Tubarão’ tantas vezes
que está dentro de mim a ideia de que não é preciso ver tudo para perceber o
que se passa. Também me permite mais tempo para me focar num determinado
detalhe. Só há muito pouco tempo é que pensei nisso, durante muito tempo
fazia-o sem pensar.
Já fizeste alguma exposição?
IM -
Nunca fiz nenhuma exposição. Já me convidaram mas para ser sincero, sou
demasiado ansioso para o fazer agora. No futuro adorava fazê-lo.
Vendes o teu trabalho?
IM -
Sim.
É difícil equilibrar o tempo que passas a
fazer os teus trabalhos artísticos e o tempo que tens de passar nas redes
sociais a promovê-las?
IM -
O equilíbrio não tem sido difícil para mim. Eu posto no Instagram às 12.40pm e
interajo com todos os que interagem comigo. Acho que para algumas pessoas é
mais difícil. Mas tenho um horário bem apertado. Mas funciona.
Que rede social preferes? Por quê?
IM -
A minha rede social preferida é o Instagram. È onde dedico o meu tempo
a construir o que tenho. Encontram-me sempre lá.
Que método é que achas que é melhor para
ganhar mais seguidores?
IM -
Construir uma base de seguidores é difícil e demora tempo. Para mim, falar com
as pessoas na mesma comunidade que tu e com os meus seguidores, é importante.
Percebo que algumas pessoas não gostem de o fazer, mas eu sou um sortudo porque
gosto mesmo de responder e falar com pessoas que querem falar comigo. Outra
coisa importante, é postar regularmente, eu faço-o todos os dias. As pessoas
esperam ver algo todos os dias por isso, eu tenho de o fazer. E é o que tenho
feito. Interacção, consistência e paciência.
Achas que quanto mais seguidores mais vendas?
IM -
Mais seguidores implica mais olhos, o que significa mais vendas. As pessoas
também podem ser incrivelmente bem sucedidas, com uma pequena audiência.
Depende do tipo de pessoas que te seguem.
Fazes algumas feiras de artesanato?
IM -
Nunca participei em nenhuma. Se calhar devia.
Tens alguma história engraçada que queiras
partilhar?
IM -
Logo no início quando comecei a desenhar e a fazer coisas bem estranhas, perdi
o meu bloco de desenho no centro de Glasgow. Sempre me questionei o que é que
tinha ficado a pensar a pessoa que o encontrou. Se calhar teve um ou dois
pesadelos.
Tens algum conselho para dar a novas
artistas/artesão que queiram viver da sua arte?
IM -
Criem coisas. Ponham-nas lá fora e criem uma audiência que goste daquilo que
fazes. Vai demorar tempo e é preciso dedicação mas de certeza que vos vais
levar onde querem ir. Tem funcionado comigo. Eu adoro o que faço.
Se quiserem descobrir as várias
facetas do seu trabalho ou até mesmo, entrar em contacto com ele, podem fazê-lo
através da sua conta no Instagram.
Tenham um dia feliz e inspirador,
Sara
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