As cegonhas levam os bebés nos seus bicos?

Aguarela original feita por mim e publicada na revista 'Calm'

Nunca vi nenhuma a carregar bébés no bico. Pelo menos bébés humanos. Mas já vi muitas por este Portugal  fora, especialmente a Sul. Não fazia ideia mas existem 19 espécies vivas de cegonhas e embora sejam parecidas com as garças, as primeiras são mais pesadas.

Foto de Rodrigo Rodriguez para Unsplash

São aves longas, elegantes, com bicos enormes e a mim transmitem-me sempre carinho e harmonia. O tipo de bico que têm – pode ser ligeiramente distinto entre as várias espécies – depende da especificidade da sua alimentação. Elas podem comer sapos, peixes, insectos, pequenos mamíferos, pequenos pássaros e minhocas.

Aguarela original feita por mim

Adoro ver como constroem os ninhos em locais altos e exíguos como nas chaminés e postes de eletricidade. Os ninhos podem ser usados durante anos e podem chegar a ter cerca de 2 metros de diâmetro e 3 metros de profundidade.

Elas gostam mais de viver na zona dos trópicos, mas as que vivem em locais temperados migram no inverno. Normalmente habitam em pântanos, lagos e zonas inundadas e comunicam dentro dos ninhos, com um som forte do seu bico a bater enquanto abre e fecha – será uma espécie de código de morse das aves?

Mas afinal, elas trazem ou não trazem os bebés humanos no bico?

Aguarela original feita por mim

Bem, parece que esta lenda é bem antiga e tornou-se popular com a história de Hans Christian Andersen chamada ‘As Cegonhas’. Nesta história, as cegonhas retiravam bebés de cavernas ou pântanos e levavam-nos às costas ou em cestos no bico, e deixavam-nos nas casas das pessoas que queriam ser pais – algo que elas ficavam a saber porque estas pessoas demonstravam essa vontade deixando doces nos seus ninhos. As crianças eram deixadas às mães ou lançadas pelas chaminés.

 Há várias crenças associadas às cegonhas, umas boas outras menos. Na Alemanha e na Holanda acreditavam que ter ninhos de cegonha nas chaminés era sinal de boa sorte, e de protecção contra os incêndios; na Polónia, Lituânia e Ucrânia acreditavam que elas traziam harmonia à família em cuja propriedade vivessem. Por outro lado, ainda na Polónia, havia quem acredita-se que a cor branca das suas penas simbolizava Deus e as penas pretas, o diabo- uma alegoria aos bons e maus impulsos; e na Alemanha também podiam ser associadas a crianças portadoras de deficiência ou a nados-mortos, como se tivessem havido uma espécie de problema na entrega das crianças pelas cegonhas.

Curiosamente, no Antigo Egipto a cegonha simbolizava a ‘alma’ e a palavra hebraica para cegonha, chasidah, significa carinhosa/misericordiosa. Na mitologia grega e romana eram consideradas bons pais.

Selo austríaco

Selo do Congo


Nas fábulas de Ésopo as cegonhas também são protagonistas em mais do que uma história, e estão representadas em cerca de 120 selos em todo o mundo.

Ainda fiquei a gostar mais delas, e vocês?

Fiquem bem e sejam felizes sempre,

Sara

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