A arte de conversar
Não imagino
ficar incomunicável, sem internet e sem telemóvel, mas tenho saudades da
comunicação de antigamente. De as pessoas terem tempo umas para as outras. De
se olharem nos olhos e não se escudarem num écran de um telefone.
Temos
centenas de canais de televisão. Temos redes sociais. Ainda temos jornais e
revistas – e ainda bem! – mas no entanto, sabemos menos o que se passa.
Cada vez é
mais difícil filtrar a informação e decidirmos pela nossa cabeça, qual é a
nossa opinião sobre um determinado assunto.
A
importância dos livros, ao contrário do que muitos pensam, não diminuiu. Aliás,
sempre que quero saber mais é a eles que recorro. Mas custa muito ouvir lugares
comuns da boca dos outros, que sem se aperceberem e talvez por preguiça,
repetem o que leem nas redes sociais, como se de uma verdade certa se
tratasse…
Antigamente, quando era pequena só existia telefone fixo e
as chamadas eram caras. Mas isso tornava essas mesmas chamadas em algo bem mais
especial. Agora trocam-se mensagens escritas onde pouco se diz de interessante,
quando essas mesmas pessoas estão frente-a-frente, o ar entre elas parece ser
uma barreira maior que as impede de falar.
Através das redes sociais tenho conhecido pessoas dos quatro
cantos do mundo, pessoas muito interessantes que fazem coisas incríveis. Mas
adorava poder convidar um grupo delas e bebermos um chá, comermos uns biscoitos
e termos o prazer de sentir o calor da presença uns dos outros.
E os blogues permitem-nos lançar palavras para o vazio do
Universo, sem sabermos se está mesmo alguém do outro lado a ouvir. Um pouco
como escrevermos cartas que não têm resposta… será que alguém as leu?
Sempre adorei conversar com as minhas filhas. Sempre quis
que soubessem que aquilo que pensam é importante para mim, independentemente do
assunto ou da idade que têm. E até mesmo quando a mais pequena faz alguma
asneira, eu antes de ralhar gosto de perceber o por quê de o ter feito, muitas
vezes, depois de ouvir a razão deixo de conseguir ficar zangada…
A arte de conversar é muito mais do que falar. É ouvir os
outros. É aceitar que possam ter opiniões diferentes das nossas. É argumentar
com carinho, embora às vezes efusivo. É gostarmos de usar as palavras e de as
combinar umas com as outras.
Em pequena adorava ler dicionários para descobrir palavras
que não conhecia, não só para aumentar o meu vocabulário mas também para não as
deixar inertes e perdidas nas páginas de papel.
E vocês, gostam de conversar?
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